SANTA SARA NOS ABENÇÔE!

SANTA SARA NOS ABENÇÔE!
SANTA SARA NOS ABENÇÔE!

sábado, 30 de outubro de 2010

ANDALUZIA,TERRA PROMETIDA AOS CIGANOS...

                                                                                                           Um único povo, múltiplas realidades. Após séculos de presença, em Espanha, os ciganos conseguiram um certo reconhecimento, embora ainda reste muito caminho a fazer. Agora, vêem chegar os ciganos da Europa de Leste. Esta semana fomos a Sevilha, terra de cruzamento de culturas, nesta série especial dedicada ao povo cigano.

Crónica de uma reportagem junto dos ciganos de Sevilha
Cheguei a Sevilha numa terça-feira à noite e, no primeiro bar onde entrei, o empregado recebeu-me cantando flamenco.
Em Espanha, a música desempenhou um papel crucial no reconhecimento do povo cigano. Muitos cantores famosos pertencem a esta etnia. O flamenco ultrapassou as fronteiras espanholas e converteu-se mesmo na senha da identidade cultura espanhola.
Mas esta elite artística não é representativa da realidade de um povo que vive, há seis séculos, em terras espanholas.
A realidade do povo cigano, em Espanha, é complexa e diversificada. Afirmar que se alcançou a integração total não seria correcto. Tão pouco o seria, dizer que toda a comunidade vive em exclusão. Quiçá, o termo mais próximo da realidade é “convivência”.
A política espanhola das últimas décadas apostou na integração desta minoria, criando planos específicos e destinando subvenções para favorecer o acesso à habitação, ao emprego, à educação.
Avançou-se um pouco, tiraram-se lições. Mas já se começa a ouvir vozes que pedem um quadro comum para todos os cidadãos: ciganos e não ciganos.
A política levada a cabo pelo governo francês face aos ciganos chegados da Europa de Leste começou a reforçar o sentimento colectivo do povo cigano.
Mas as diferenças nacionais pesam, e muito. Em Espanha, os ciganos têm orgulho em sê-lo e, segundo me contaram, há cada vez menos “ciganos invisíveis” que tentem esconder as suas origens para evitar a discriminação.

VEJAM ESTE VÍDEO!

Copyright © 2010 euronews

TAGS:

Entrevista com JUAN de DIOS HEREDIA no EURONEWS...

20/09/2010.                                                                                             euronews:
Afirmou várias vezes que os ‘paílhos’ (os não ciganos) deveriam tornar-se um pouco como os ciganos. O que quer dizer? O que é que isso mudaria?

Ramírez Heredia:
Os ‘paílhos’ não vivem, só vivem para trabalhar o que não é bom. Os ciganos têm outra filosofia de vida. Não é possível viver para trabalhar, é preciso trabalhar o suficiente para viver. E isto implica uma filosofia completamente diferente da filosofia da humanidade e da sociedade.

euronews:
Seria capaz de fazer uma radiografia do que é ser cigano, hoje, em Espanha?

Ramírez Heredia:
Não consigo pensar em mais nada senão dizer que ser cigano é ter um estilo de vida. Dentro de 50 anos, cigano será não tanto aquele que tem um pai, uma mãe ou antepassados ciganos, mas quem tem um estilo de vida cigano, uma maneira cigana de entender a vida.

euronews:
Você é a prova de que os ciganos também podem ter sucesso, sem serem toureiros ou cantores de flamengo. Vê-se como mais um caso entre outros ou como uma anomalia estatística?”

Ramírez Heredia:
Eu tive sorte. Não quero nem desejo ser um líder e por isso talvez tenha sido uma excepção mas hoje já não sou. O mérito pertence à minha mãe que era uma cigana analfabeta, que não sabia ler nem escrever. Nem ela nem ninguém na minha família sabia ler e escrever. Mas aquela mulher cigana quis que eu fosse para a escola e isso mudou tudo. Os racistas não vão gostar do que vou dizer agora. A Constituição espanhola tem a minha assinatura. É assinada por um cigano. Eles detestam ouvir isto. Repito isto sempre que posso, porque de alguma forma tenho que me defender.

(Juan de Dios Ramirez Heredia é presidente da União Romani Espanhola- Advogado e Jornalista,fez carreira na política elegendo-se Deputado,participando ,em 1978 da elaboração da Constituição Espanhola.Recebeu, em 2008, o título de Doutor Honoris Causa .)  

Copyright © 2010 euronews