SANTA SARA NOS ABENÇÔE!

SANTA SARA NOS ABENÇÔE!
SANTA SARA NOS ABENÇÔE!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

FILME SOBRE ASSASSINATO DE CIGANOS NA HUNGRIA RECEBE PRÊMIO EM BERLIM...

O Urso de Prata e o grande prêmio do júri, foi atribuído ao longa Just The Wind(Apenas o Vento) do diretor húngaro Bence Fliegauf que conta uma história verídica de assassinato em uma família de ciganos.O Filme narra 24 horas de terror e medo numa família cigana,na Hungria.

O Diretor,Benedek(Bence) Fliegauf,com os atores                                                            ciganos do filme.                                                                                                                                A trágica realidade das populações ciganas que vivem na Hungria contemporânea foi estampada nas telas da 62ª edição do Festival de Berlim nesta quinta-feira. Exibido em competição, Just the wind, do diretor húngaro Bence Fliegauf, acompanha  24 horas de medo de uma família de ciganos assombrada com o assassinato de famílias inteiras da mesma etnia, no vilarejo onde vivem, no interior do país. O filme foi  inspirado em uma série de ataques semelhantes ocorridos entre 2008 e 2009 na Hungria, ainda não inteiramente solucionados.




Just the wind foi realizado com o apoio do Ministério de Administração Pública e da Justiça, que distribuiu uma carta aos jornalistas, na qual reforça as origens ficcionais do longa-metragem de Fliegauf. “Fiquei surpreso com algumas pessoas que acharam que o filme trasmite uma imagem ruim do país. Ao contrário,  faz parte de um processo de auto-expurgação. É como os filmes alemães sobre o holocausto”,diz o Diretor.
Eu,pessoalmente,notei a discriminação de tudo que se refere ao povo Rom na forma como foi filmado o vídeo que mostra a entrega do prêmio...E também a maneira depreciativa das autoridades húngaras ao reforçar a idéia de que o filme é uma ficção! Mas,de qualquer modo este filme é uma forma de tornar visível o sofrimento do povo cigano causado pelo preconceito e discriminação.


"A coletiva de imprensa de “Just the wind” reuniu os atores do filme, a maioria sem experiência anterior e recrutada entre os ciganos, e o diretor. Fliegauf contou que quatro homens estão em processo de julgamento em Budapeste por ataques contra nove vilas ciganas em 2008 e 2009, em que seis pessoas morreram, inclusive um menino de 5 anos. O filme acompanha uma família cigana que tenta emigrar para o Canadá com medo da violência na Hungria. 
— É claro que eu espero que este filme faça alguma diferença — disse o diretor. — Os preconceitos e estereótipos são os responsáveis pela existência do racismo. Os ciganos vivem marginalizados. Desde a entrada da Hungria na União Europeia, foram feitos esforços para integrá-los, mas ainda há muito para conquistar. "




Just The Wind”, de Benedek Fliegauf, mereceu a crítica das autoridades húngaras, que acusam o realizador de passar uma imagem negativa do país.
A película conta a história de uma família rom, que vive atemorizada com os ataques racistas, depois de um assassinato na comunidade. Os massacres inspiraram a história que abre feridas do passado.
Os atores, amadores, são verdadeiros rom.
“As sociedades têm de enfrentar as crises e os tabús. Um país tem uma república e vive num sistema democrático quando podemos fazer este tipo de filmes”, diz o realizador Benedek Fliegauf."(EURONEWS).



Just the Wind

Just the Wind


Imagens do filme,acima.


Você pode ler mais sobre o filme em:
http://www.unionromani.org/index.htm

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Trecho de uma entrevista com FLORENCIA FERRARI,ANTROPÓLOGA...



Cosac Naify
SINOPSE DO LIVRO:(Publicado em 2005).


"O mundo não seria o mesmo sem os ciganos. Presentes em quase todos os países, eles marcam as mais diversas culturas com sua dança, música, costumes e tradições, herdados de geração para geração. Neste livro, a antropóloga Florencia Ferrari apresenta seis contos recolhidos na tradição oral de comunidades ciganas de diferentes países. São histórias de enganação e sedução, esperteza e bom humor, prodígios e assombros, que apresentam os principais traços da vida cigana, numa costura literária que recusa os estereótipos e clichês. Stephan Doitschinoff utilizou recortes de tecidos, mapas, dinheiro, fotografias, para compor o cenário andante e aventureiro dos ciganos."



COISA DE CIGANO                                                                                                              

A nossa entrevistada do mês é a antropóloga Florencia Ferrari, nascida em Córdoba  Argentina (1976), mas que, desde os seis meses de idade, mora em S. Paulo. No Depto. de Antropologia Social da USP, defendeu a dissertação de mestrado intitulada: “Um olhar oblíquo – contribuições para o imaginário ocidental sobre o cigano” (2002), que tratou da presença dos ciganos na literatura ocidental. Doutoranda pelo mesmo Depto., ela continua sua pesquisa com um grupo de ciganos calon do interior de São Paulo, em Santa Fé do Sul, com quem conviveu. É, ainda, editora da revista Sexta Feira – Antropologia, artes e humanidades.
Florencia acaba de receber o prêmio de melhor livro reconto de 2005 da Fundação Nacional do Livro Infanto-juvenil com Palavra cigana. Seis contos nômades (ilustrações de Stephan Doitschinoff, 2º lugar no prêmio Jabuti de melhor ilustração. São Paulo: Cosac Naify, 2005, 89 pp.). Palavra cigana é um conjunto de seis contos da tradição cigana e explicita ao final traços culturais sucintos da comunidade, fontes e indicações de leitura, referências teóricas, literárias e artísticas. Os contos foram destacados em um leque de opções e adaptados pela autora, preocupada em apresentar um pouco da cultura das comunidades ciganas ainda tão misteriosas para nós. A pesquisa que ela desenvolveu é objeto desta entrevista.

>> CVA - Olá Florencia. Adorei o formato do teu livro: parece um livro infantil e é um livro de antropologia. Não que sejam gêneros excludentes, mas, via de regra, os antropólogos fazemos livros de letras e, no máximo, com poucas fotos, o teu é recheado de ilustrações. Qual foi o teu propósito com esta iniciativa? 

Florencia - De fato, eu nunca imaginei que escreveria um livro infanto-juvenil. A iniciativa foi do Augusto Massi, editor e diretor da Cosac Naify, que me convidou para escrever um livro de contos para uma série chamada Mitos do Mundo, em que haviam sido publicados mitos indígenas, afro-brasileiros, peruanos, indianos, organizados por antropólogos ou sociólogos. A idéia dessa coleção é interessante pois trata de traduzir um conhecimento comumente isolado na academia para um público mais amplo, e mais ainda, para crianças ou adolescentes, quer dizer, com intenção de apresentar modos diferentes de ver o mundo numa fase de formação, evitando talvez que se criem estereótipos, ou ajudando a combatê-los.
Eu fiquei cerca de um ano e meio pesquisando contos ciganos do mundo todo. Li mais de 300 e os classifiquei por temas, linguagem, estilos narrativos. No final escolhi seis que me pareceram representar melhor as características que eu considero mais relevantes do conjunto pesquisado.

 CVA - Os contos que você selecionou para este livro nos revelam um tanto dos costumes e dos valores dos ciganos. Eles aparecem ali definidos como “grupos familiares que levam uma vida nômade, espalhados por quase todos os países do mundo”, a partir da Índia. Como a maioria das pessoas, acredito, eu pensava que eles fossem originários do Egito. Naturalmente, o estilo nômade de vida deles e a tradição oral contribuem para que eles venham agregando costumes e valores culturais dos locais por onde passam, mas, é possível supor uma cultura de base comum e inalienável às comunidades ciganas espalhadas pelo mundo? Ainda que o teu estudo seja pontual sobre um grupo de ciganos, é possível supor que eles tenham mitologia, religião, língua, culinária, dança, música, atividades e valores comuns entre eles?

Florencia - Você toca num ponto que me parece crucial no estudo dos ciganos, e no qual eu comecei a pensar recentemente. Os antropólogos mais sérios criticam as grandes generalizações que tratam “os ciganos” indistintamente, como se fossem todos iguais; no lugar disso, defendem que cada etnografia só pode falar de si mesma. Ao fazer isso acaba-se por ter uma idéia de uma unidade isolada, algo que é difícil de sustentar entre os ciganos.
Esse problema teórico foi tratado pela antropóloga inglesa Marilyn Strathern com respeito às etnografias da Melanésia. A solução que ela deu ao problema foi propor traçar “conexões parciais” entre todas as etnografias, sem, no entanto, nunca formar um todo. Acho que o mesmo se aplica aos ciganos. Há muitíssimas diferenças internas, e no entanto todas as etnografias são conectáveis, talvez não por meio de um máximo divisor comum, mas como num rizoma: as conexões podem ser traçadas de um ponto a qualquer outro.
Se eu tivesse que arriscar uma característica comum a todos os ciganos eu diria que todos nos chamam de gadje (as variações são: gajão, gorgio, gajé, surpreendentemente parecido ao goe dos judeus e o gaijin dos japoneses), e fazem questão de marcar diferenças em relação a nós, a nosso modo de vida, de trabalho, de identidade territorial, nacional. Enfim, o cigano se define, ao meu ver, pela negação, pela linha de fuga em relação ao central que somos 


 CVA - Os ciganos ainda sofrem perseguições? Como o governo brasileiro trata os ciganos?

Florencia -
 Sem dúvida. O governo brasileiro não trata os ciganos. Isto é, os ciganos nem sequer são considerados na legislação, não existem do ponto de vista de direitos especiais que levem em conta sua particu
particularidade cultural.Este ano, recentemente, foi problematizado o conhecimento que o governo tem sobre essa parcela da população e criou-se uma espécie de fórum de discussão ligado ao Ministério da Cultura, mas ao que parece não foi levado adiante, já que eu tentei entrar em contato e não obtive nenhuma resposta. As autoridades tratam os ciganos segundo as leis do estado, sem levar em conta seu nomadismo. São sistematicamente expulsos das áreas onde acampam. 

 CVA - Finalmente, a que você atribui o descaso dos governos ou dos pesquisadores pela cultura dos ciganos? 

Florencia -
 No caso do governo, falta de interesse. No caso dos pesquisadores, acho que falta de tradição nessa área, e a dificuldade de travar relações com eles, já que as regras de evitação com o gajde são muito fortes. Não creio que falte interesse e curiosidade sobre ciganos, ao menos desde que comecei a estudá-los, notei enorme fascínio das pessoas quando conto da pesquisa.


EXTRAÍDO DE:






segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

SOBRE O LIVRO DE ROGÉRIO FERRARI...CIGANOS



O FOTOGRAFO ROGÉRIO FERRARI.




Durante três meses, entre 2010 e 2011, o fotógrafo Rogério Ferrari percorreu 40 municípios do interior da Bahia para registrar o cotidiano do povo cigano. O resultado poderá ser conferido no livro Ciganos, trabalho que reúne 96 fotografias em P&B, com dois textos: um prefácio da antropóloga Florença Ferrari, que se dedica ao tema, além das impressões do próprio fotógrafo.Este livro foi lançado no final de 2011,em 16 de dezembro.
O fotógrafo assim resume seus objetivos:

“Minha ideia era transcender a visão estereotipada que se tem sobre a cultura cigana e, por consequência, o preconceito que se nutre em função do desconhecimento sobre a vida desse povo”, destaca Ferrari.
Em suas andanças, Ferrari observou que o povo cigano conseguiu se manter firme para preservar a cultura, apesar das influências externas. “Embora tão perseguidos, eles têm muito orgulho de ser o que são”. As imagens reunidas em Ciganos permitem que se consiga, mais do que ver as fotos, aproximar-se dessa comunidade. Não foi por acaso que Rogério resolveu fotografar a vida dos ciganos. “ De alguma maneira, os ciganos estiveram sempre próximos. Diria que se trata de um histórico pessoal, pois, de alguma forma, tive contato com eles também. Meu pai teve alguns amigos que eram ciganos. Estavam sempre próximos”.

Esta obra faz parte do projeto independente Existências- Resistências, em que Ferrari já retratou, em cerca de 15 anos de trajetória, a vida de comunidades como a dos curdos, palestinos, zapatistas e saarauís.Rogério tem viajado pelo mundo fotografando minorias que reivindicam causas relacionadas a direitos humanos e justiça social. 

Rogério Ferrari, baiano, fotojornalista formado em Antropologia, trabalhou até meados da década de 1980 para vários veículos jornalísticos, até decidir dedicar-se à fotografia de forma independente.
Sua excelente palestra discorreu sobre o significado da imagem, ou o poder dela "frente a uma torrente de imagens". 


                                                                                                                                    "Um álbum fotográfico como esse é razoavelmente difícil de realizar e publicar no mercado brasileiro. Ferrari nunca se intimidou com nada, muito menos com isso. A boa notícia é que lá fora uma editora francesa já o descobriu e começou a colocar vários de seus títulos nas livrarias de Paris."


ABAIXO,ALGUMAS FOTOS DO LIVRO:











BLOG DE ROGÉRIO FERRARI ONDE SE PODE ENCOMENDAR 
O LIVRO: http://rogerioferrari.wordpress.com/


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012