SANTA SARA NOS ABENÇÔE!

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domingo, 25 de dezembro de 2011

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

PELAS ESTRADAS DO MUNDO...







NOMADISMO E LIBERDADE.

“Qualquer lugar aonde os ciganos chegam, sentem que ali é seu mundo, sua terra, sua pátria, até que se vão para outro lugar. Temos sempre presente o horizonte. O que nos impulsiona a andar é algo que brota do íntimo, do interior. É incontrolável.” (Juan González) Extraído do livro de Cristina Costa Pereira, OS CIGANOS AINDA ESTÃO NA ESTRADA-Editora Rocco/2009.
O nomadismo existe desde os primórdios da civilização, quando os homens caminhavam pela Terra em busca de locais onde havia melhores condições de sobrevivência. Este modo de vida perdurou por muitos milênios e o sedentarismo (fixação em um local definitivo) surgiu quando o homem tornou-se agricultor, apossando-se de terras e aprendendo a domesticar os animais.
A sedentarização trouxe com ela a linguagem escrita e a numeração, a manufatura de utensílios, ferramentas e a tecelagem. Entretanto, trouxe também o apego às coisas, a cobiça, as lutas pela posse da terra e dos bens, a guerra em defesa da propriedade. Instituiu a hegemonia do poder e do dinheiro.
Nas sociedades sedentárias irrompeu, desde o início, o receio, o medo do estrangeiro, a desconfiança em relação aos desconhecidos, a reclusão e o fechamento dentro de fortes muralhas de proteção. Criou-se o casamento para que se assegurasse a herança das propriedades dentro da parentagem consangüínea
O nomadismo trouxe à humanidade a lição do desapego, da impermanência das coisas, da união dos indivíduos em prol da sobrevivência da tribo, da liberdade dos espaços abertos, do convívio respeitoso com a natureza e a percepção e observância de seus ciclos. O sentido de liberdade ao se locomover livremente pelo mundo, desconhecendo fronteiras e orientando suas rotas e destinos pela luz das estrelas e pela direção dos ventos.
Povo nômade, os ciganos, em especial, cruzaram a terra, disseminando sua cultura e agregando-lhe, em seu percurso, um pouco de todas as outras culturas.
As vivências das estradas, de novos caminhos a percorrer, de paisagens insólitas fizeram desabrochar fortemente, no povo cigano, a criatividade e a inteligência diante do imprevisto e das dificuldades a serem vencidas. As perseguições e o isolamento nos fizeram mais unidos e fortes diante dos obstáculos e dos perigos.
O silêncio dos campos e a escuridão  das noites estreladas nos inspiraram a música, a poesia, os paraminches e os dons divinatórios que nos aproximaram mais ainda de Deus e dos nossos antepassados, reforçando nossa fé.
Atualmente, o nomadismo tornou-se uma opção para alguns , devido aos benefícios advindos do sedentarismo e, às dificuldades que os ciganos encontram em se locomover livremente e acampar em lugares adequados nas cidades modernas. Muitas vezes também, por não conseguirem obter documentos de identidade por não possuírem endereço fixo e serem ciganos.
No entanto, o nomadismo está dentro de nós, sedentários ou não... Faz parte de nossa essência. É aquela nostalgia de outras paisagens, que nos assoma a alma em certos momentos, é o desejo inquieto de novos horizontes, de espaços amplos onde possamos exercer a nossa liberdade de idéias e atitudes. É o anseio que faz nosso coração bater mais forte, nosso olhar se estender mais longe, nossos pés criarem asas, nossa emoção transformar-se em pura música. 
Nomadismo, descoberta e transmissão constituem a trama entrelaçada da condição humana ao logo dos tempos. Só descobre quem tem a coragem de mudar, de  transpor fronteiras, de arriscar-se. Descobrir é, portanto mudar; é ir em direção do outro com amor e humildade, sem preconceito, sem medo, e poder transmitir o que foi aprendido para que sobrevenham mudanças.
"Yehudi Menuhin,virtuoso violinista, disse, certa vez, que a Europa será a Europa quando um cigano puder nela viver onde bem entender. Isso é mais verdadeiro do que nunca, e não apenas na Europa.
É preciso preparar um futuro no qual o tempo não será mais unidimensional; no qual todos os seres humanos, nômades potenciais, deverão compartilhar um universo multiforme, podendo exercer sua cidadania em diversos momentos em diferentes lugares e ter regalias múltiplas; um futuro no qual o fato de pertencer a uma comunidade não se chocará com o dever em relação a outra e não a ameaçará em nada; antes será fonte de riqueza e de desenvolvimento, em que a duração se fará no movimento e não no enraizamento.” (Jacques Attali-NOMADISMO E LIBERDADE).


(Trecho de meu artigo na revista Janellá)


quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Ciganos verdadeiros X ciganos estereotipados





© Rui Dias Monteiro/A.23





“Estereótipo é a imagem preconcebida de determinada pessoa, coisa ou situação. É usado principalmente para definir e limitar pessoas ou grupo de pessoas na sociedade. Sua aceitação é ampla e culturalmente difundida no ocidente, sendo um grande motivador de preconceito e discriminação. Sendo um conceito infundado sobre um determinado grupo social, atribui a todos os seres desse grupo uma característica, freqüentemente depreciativa; modelo irrefletido, imagem preconcebida e sem fundamento; Os estereótipos sociais influenciam condutas e comportamentos em interações sociais quando os interatores são enquadrados por essa crença. Do ponto de vista da psicologia, estereótipos podem ser investigados sob aspectos diferentes que vão desde a sua formação até manifestação coletiva.
Um mito (do grego antigo"mithós") é uma narrativa de caráter simbólico, relacionada a uma dada cultura. O mito procura explicar a realidade, os fenômenos naturais, as origens do Mundo e do Homem por meio de deuses, semideuses e heróis.
Ao mito está associado o ritual (de adoração).
O termo "mito" é, por vezes, utilizado de forma pejorativa (depreciativa) para se referir às crenças comuns, consideradas sem fundamento objetivo ou científico, e vistas apenas como histórias de um universo puramente maravilhoso de diversas comunidades.” (Texto extraído da Internet).
Por desconhecerem a realidade sobre a etnia Romani as pessoas vêem os ciganos através de um véu de misticismo, de sonho, de inverdades. Cultuam a figura mítica e não a figura existencial.
Fazem da ciganidade um culto, uma idolatria, uma religião, um estereótipo.
Para a maioria dos gadjês, ciganos vestem-se sempre de roupas coloridas e de luxuosos tecidos,vivem em festas onde cantam,dançam,comem e bebem... São magos e poderosos feiticeiros, conhecendo todos os segredos da magia e do Destino.   Sem ocupações outras do que aquelas que ocupam o imaginário social. Além de andarmos invisíveis por aí, diariamente, só aparecemos à noite nas festas ou nos cultos religiosos; quando muito, se dignam a nos vislumbrar nas ruas ou praças das cidades como leitores da sorte nas mãos (Embora isto nos orgulhe, somos muito mais...). E o pior é que alguns ainda nos vêm como trapaceiros, espertalhões de prontidão, preguiçosos, vagabundos, sempre em busca de uma boa ocasião para obter lucros sem fazer nenhum esforço! Marginalizaram-nos ao longo da história, nos perseguiram e quase nos extinguiram, em nome de mentiras criadas pelos que sempre estiveram no topo das sociedades e das religiões, dos impérios ou das repúblicas...  Negaram-nos tudo, até mesmo o direito de usar nosso próprio idioma, nossa própria cultura, sob ameaças cruéis.
E ainda hoje é assim, embora um pouco melhor em alguns países.
Não sabem, ou esquecem que somos uma raça como qualquer outra que vive neste vasto planeta. Que somos gente comum. Que somos feitos da mesma carne perecível, possuidores dos mesmos sentimentos, das mesmas fragilidades ou fortalezas, dos mesmos desejos, das mesmas emoções compartilhadas com todos os seres humanos. Temos uma alma. Somos pessoas e não mitos!
Somos dignos, honestos e trabalhadores, inteligentes e versáteis, embora a sociedade gadjê teime em ignorar nossas capacidades e valores reais e humanos. Porque é mais fácil ignorar os mitos.
Tanto isto é verdade que, conhecendo melhor os ciganos reais espalhados pelo mundo em todas as épocas, nos deparamos com um grande número de sábios, cientistas, músicos, atores, dramaturgos, escritores, poetas, artistas, políticos e hábeis estadistas de origem romani.  Na verdade, também vivemos (anonimamente) em barracas, cruzando estradas em busca do sustento de nossas famílias; somos artesãos hábeis em todos os metais, mecânicos, comerciantes, quiromantes, também. Somos sim, inteligentes, sagazes, com muita capacidade de driblar os obstáculos, resolver difíceis problemas da vida, talvez isto seja resultado de todo o sofrimento e perseguições que sofremos no passado e que ainda sofremos, nos dias que correm. A nossa alma saiu fortalecida pelas barreiras que transpomos no caminho... Quanto mais nos dificultam as coisas mais fortes ficamos!


(TRECHO DE UM ARTIGO DE MINHA AUTORIA;REVISTA JANELLÁ.


© Rui Dias Monteiro/A.23

© Rui Dias Monteiro/A.23

FOTOS DO GOOGLE.

Lei cigana e leis penais colidem - RTP Noticias, Vídeo

Lei cigana e leis penais colidem - RTP Noticias, Vídeo

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

LEITURA DO MANIFESTO DO FORUM DE MULHERES GITANAS DO INSTITUTO DE CULTURA GITANA...



ESTE MANIFESTO,EMBORA TENHA OCORRIDO EM 8/2/2008
AINDA CONTINUA BEM ATUAL!