SANTA SARA NOS ABENÇÔE!

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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

NOTÍCIAS DA PASTORAL CIGANA EM PORTUGAL...


FESTA CIGANA EM VIANA DO CASTELORussie

Mais uma vez o Secretariado Diocesano da Mobilidade Humana promoveu, em 26 de Junho, um Encontro Cigano no Centro Pastoral Paulo VI, a fim de que o conhecimento mútuo entre ciganos e não ciganos não se fique em superficialidades e incompreensões.
É um trabalho lento e até ingrato, que exige a mudança de mentalidades e estas só com muita paciência e amor se podem alterar.
Ao contrário da população não cigana, que ficou indiferente aos muitos e insistentes apelos lançados, 50 ciganos, a maioria do Acampamento do Monte (Galp), compareceu, embora não muito preocupada com os horários previstos.
De Lisboa, deslocou-se no próprio dia, demonstrando muita dedicação à causa, o Director Nacional, Frei Francisco Sales Dinis, para versar o Tema: “O Papel da Igreja Católica na luta pelos direitos e integração dos ciganos”.
Depois de citar as grandes Instituições, que, a nível da Igreja, se dedicam à etnia cigana (Conselho Pontifício para a Pastoral dos migrantes e itinerantes, com especial destaque para os ciganos, Conferências Episcopais com as respectivas Comissões da Mobilidade, Secretariados Diocesanos, Conselho das Conferências Episcopais da Europa e Comité Católico Internacional para os Ciganos) defendeu que, como membros da Família Humana, também os ciganos têm direitos humanos e civis. Esta é uma etnia ainda mais frágil do que qualquer outra, porque não tem “uma radicação territorial precisa ou um Estado de referência original, e portanto sem o seu eventual apoio” Quer dizer: as outras minorias ainda poderão ser protegidas, embora com muita insegurança, pelos seus países de origem. Os ciganos não têm para onde se virar. A Igreja é chamada a uma intervenção empenhada para que os ciganos não sejam párias da sociedade.
Já numa outra perspectiva, o nosso Director apontou as plataformas fundamentais para que o povo cigano possa desfrutar com dignidade e sem esmolas de um bem-estar igual a todos os outros O Estado deverá criar-lhe as condições, mas os protagonistas da história têm de ser eles mesmos. Não esperem que os outros lhes façam tudo. Para ter esta mentalidade, é precisa muita educação. Se os filhos não forem à Escola sem quaisquer resistências dos pais, não haverá nunca mudanças substanciais na vida dos ciganos. Daqui sairão os líderes, capazes de estabelecer confiança com os outros cidadãos e as Associações também capazes de proteger a sua identidade de ciganos.
Em resumo muito deficiente, quisemos transmitir as ideias que o Frei Dinis, em linguagem muito acessível (os ciganos são quase todos analfabetos) fez chegar à comunidade cigana
local.
Daqui mais de perto, veio o Dr. Luís Pinto, profundo conhecedor da realidade cigana que nos falou de muitos usos ciganos. Ele próprio sintetizou: “A nossa intervenção foi no sentido de realçar alguns dos aspectos socioculturais mais relevantes da comunidade cigana portuguesa e internacional, tendo em atenção que este grupo se consegue identificar com alguma facilidade na nossa sociedade, mas contrariamente ao que se pensa, não existe uma completa homogeneidade em termos culturais, linguísticos, económicos e sociais. Reflectiu-se acerca da sua identidade enquanto povo a nível nacional e internacional, possuindo uma bandeira, um hino e organizações ciganas, mas que ainda está muito longe de atingir os parâmetros das sociedades maioritárias em que vivem, nomeadamente no campo da saúde, habitação e educação, aspectos que urge desenvolver, mas nos quais os principais agentes da mudança devem ser os próprios ciganos, apostando mais nos aspectos educacionais que a escola paia oferece, enviando os seus filhos/as à escola.”
Seguiu-se um sempre interessante debate, que terminou com uma oração comunitária.
Pelas treze horas, começou o tão ansiado convívio, onde não faltaram os conhecidos menus do tempo estival: sardinha assada, fêveras, vinho verde, e outros petiscos.
Da parte de manhã, esteve presente o Senhor Bispo D. José Pedreira, acabando também por fazer uma visita-relâmpago à festa da tarde.
J. Sequeiros
(TEXTO EXTRAIDO DO JORNAL ONLINE "A CARAVANA" (2010), DA  PASTORAL CIGANA PORTUGUÊSA.

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