CIGANAS YENICH,OU CIGANOS SUÍÇOS...
BUSCANDO UMA VIDA MELHOR....
CIGANOS: Os excluídos da Europa
Com a deportação de milhares de ciganos romenos e búlgaros para seus países de origem por ordem do governo francês nos últimos anos, mais uma vez a atenção do mundo volta-se para a minoria mais desprivilegiada do continente — a maior parte vivendo no Leste Europeu. Mesmo com o ingresso dos países dessa área na União Européia (UE), os milhões de ciganos da Romênia, Hungria ou Bulgária continuaram a viver em guetos, como ilhas do Terceiro Mundo na rica UE. Alvos da violência neonazista na Hungria, ameaçados na Romênia, os ciganos tornam-se bodes expiatórios também nos seus países de origem.
— Sempre que a situação fica mais difícil, os ciganos voltam a ser perseguidos, como em tantas vezes na História — lamenta Florian Cioaba, de Sibiu, na Romênia, vice-presidente da Associação Mundial dos Ciganos.
Embora a situação geral tenha melhorado na Europa Oriental com o fim do comunismo há 20 anos e ingresso na UE, para a minoria, as mudanças trouxeram retrocesso.
Embora a situação geral tenha melhorado na Europa Oriental com o fim do comunismo há 20 anos e ingresso na UE, para a minoria, as mudanças trouxeram retrocesso.
Na era comunista, eram integrados ao sistema de produção, embora em profissões simples.
Muitos trabalhavam como ajudantes na construção civil. Com a privatização e o fechamento de empresas, foram os primeiros demitidos em conseqüência da baixa qualificação. E perderam de novo com o ingresso na UE. Com a pressão pelo saneamento das finanças públicas, foram cortadas verbas para minorias pobres, agravando a situação.
Uma pesquisa, em 2008, mostrou que 25% dos cidadãos da UE sentiriam desconforto em ter um cigano como vizinho, contra 6% que manifestaram o mesmo em relação a outra minoria. Romani Rose, presidente do Conselho Central dos Ciganos da Alemanha, vê com preocupação o anticiganismo na UE.
Segundo ele, a discriminação atinge um nível nunca visto desde a Segunda Guerra, quando o nazismo assassinou 500 mil ciganos.
Outros países já seguiram trilhas semelhantes à da França. Em 2007, as eleições italianas foram palco de uma inflamada discussão sobre a “ameaça” dos ciganos do leste, que terminou favorecendo a vitória do premier Silvio Berlusconi. Recentemente, acampamentos ciganos tem sido alvo da polícia. Por sua vez, a Alemanha deu inicio à deportação de 12 mil ciganos de Kosovo, que imigraram para o país nos anos 1990 durante a guerra na Iugoslávia.
Em 2009, um acampamento no centro de Berlim foi desmontado sem alarde. Cada um recebeu G 250 para deixar a cidade. Como têm passaporte da UE, eles podem ir para qualquer país sem visto de entrada.
— Aqui acontecem muitas coisas que não despertam a atenção pública como na França — Ines Biesewinkel, da ONG ROM e.v., ressaltando que o governo alemão age em surdina.
Muitos dos deportados pela França foram para Prislop, um gueto cigano a 15 quilômetros de Sibiu, na Romênia, que simboliza a segregação no Leste Europeu. Se em Sibiu 18% da população têm educação superior e quase 100% nível médio, em Prislop a taxa de analfabetismo é grande. Apenas uma minoria termina o Ensino Médio e faz um curso profissionalizante.
A jornalista Ruxandra Stanescu afirma que a minoria foi a que mais perdeu com as transformações dos últimos anos. Eles já eram pobres e foram praticamente abandonados nos guetos, separados e discriminados pelas populações locais.
O retrato disso — e de como a situação pode piorar — está na Hungria, onde o partido Jobbik tornou-se a terceira força no Parlamento com uma campanha contra a “criminalidade cigana”. O deputado Csanad Szegedi apresentou no Parlamento Europeu a proposta de criação de campos de concentração para os ciganos com toque de recolher às 22h. Esse populismo de extrema-direita levou ao aumento de ataques aos ciganos — 20 nos últimos anos, com duas mortes. Em Sajokaza, a 200 quilômetros de Budapeste, o gueto cigano pode ser reconhecido pelos casebres de barro. Nas ruas, não há asfalto ou urbanização.
Para Liviya Yaroka, deputada húngara de origem cigana, o problema já existia quando o comunismo acabou, e depois nada foi feito para melhorar o padrão de vida. Sem emprego, educação nem condições materiais aceitáveis, os ciganos começaram a emigrar para a Europa Ocidental, onde chamam a atenção como pedintes. Segundo a deputada, quase 80% dos europeus julgam que ser cigano é uma desvantagem.
Talvez isto tenha levado Dzoni Sichelschmidt, cigano kosovar de 39 anos, a contar à família da mulher alemã que era albanês. Só mais tarde, o assistente social teve coragem de dizer a verdade.
A deputada Yaroka confirma alguns dos clichês sobre os ciganos, como o de que muitas famílias exploram suas crianças obrigando-as a pedir esmola. Já o nomadismo ela contesta.
Apenas 5% são hoje nômades. As migrações para a Europa Ocidental têm por objetivo o acesso a uma vida melhor. Eles esperam conseguir emprego e uma boa moradia. Mas continuam desempregados e excluídos.
MINORIA INJUSTIÇADA...
Interior de uma barraca em um bairro pobre de Gazela, próximo de uma rodovia e do rio Sava, em Belgrado, Sérvia.
“Lixão” em Tirana: muitas crianças ciganas recolhem lá papelão e garrafas de plástico. Elas também procuram restos de comida no local. Tirana, Albânia.
MENINA CIGANA...
ACAMPAMENTO....
MENINA CIGANA...
ACAMPAMENTO....
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